E com o amanha que se transforma
no hoje, chegou e com ele mais sentires, sentimentos, emoções e recordações. Desperto
cedo, muito cedo. A cidade ainda está deserta e vagueio por estas ruas, estas
ruelas e sítios que já tinha estado, mas nessa altura escuros. Nessa altura tudo
era escuro. Tantos lugares desconhecidos, mas que sento tão meus, tantas vezes
imaginados e esperados para conhecer. Apenas faltou tua chamada para eu ir, e tu para me levares. Aos poucos a cidade começa a ganhar vida e já manhã alta, no meio do
turbilhão de gente, la chegas tu. Tens ar cansado. E tu levas-me para sítios já descritos
por ti e construídos na minha mente. Confesso que os locais são mais bonitos do
que imaginei. O vento do brasil…os cheiros misturados com o teu cheiro, os
sorrisos e esse lugar que um dia imaginei percorrer contigo. As fotos, os
olhares, a paisagem, o mar, o horizonte e tudo o que foi dito pelo silencio das
palavras não ditas. Contenho-me, mudo de discurso e disfarço para não notares
nada que tenho nos olhos.
Perdido pelas curvas da terra e
da vida, este local…este sitio! Este sitio que nunca estive, mas que já vi, já o
tinha imaginado. Já estive neste lugar, não sei explicar, mas já sonhei com
isto. Não imaginei o peixe que comi, mas já senti isto. Os barcos, as cores,
o monte ao fundo e o mar. Está cá tudo, até tu estás. Converso contigo e
arrancas da minha boca algumas duvidas, sendo que outras já desisti de
entender, ou porque não quero entender. O teu olhar não é o mesmo. O teu olhar
não tem o mesmo brilho. O olhar não engana! O olhar que me fez apaixonar está diferente,
esse olhar que foge agora em direção ao mar…essas lágrimas. As lagrimas
dizem tudo, ou quase tudo. Neste momento era tão fácil “puxar” por ti e
obrigar-te a deitar tudo cá para fora. Parei…não quis ir por aí, senti “misericórdia”
misturado com medo. A resposta és tu que a tens e eu prefiro continuar perdido neste
momento, não quero sentir-me no meio de nada muito menos num olhar que não é
meu, que não é meu. O teu olhar é do mar…perde-se no horizonte.
Depois, mais tarde, a visita…la no alto.
Conversa interior, que palavras não descrevem. Momento único…momento. Toca-me a
simplicidade e a presença que aqui sinto. Toca a paz e o meu pensamento para alguém
que é teu…que partiu mas não te deixou.
À medida que o dia corre, começo
a sentir um aperto cá dentro. Aquela sensação de querer fazer parte, mas estar
enjaulado nas circunstancias da vida, ou melhor...nas circunstancias que não escolhi. Não posso aceitar convite. Não seria
racional…não quero comprometer nada, ser “motivo para”, estragar festa nem
transformar um momento de alegria em “peso” ou pesar. O meu lugar não é aí…por
mais gostasse de estar. Sou o estranho, o estrangeiro, o forasteiro, o ausente,
o distante, o….sou o elo mais fraco disto tudo.
O resto do dia é já sem ti. Na praia, ao som
de musica, sorrisos e partilha. Derrubar muros e partilhar vidas. No fundo é o
melhor das pessoas, quando desamarramos nossas fraquezas e partilhamos o que
somos, como somos. Obrigado miúda (uso esta expressão em forma de carinho)!
Obrigado, de coração. Conheci-te com 6 meses de atraso.
E no fim, ca fico eu, no meu
lugar. Entregue a mim e perdido no meio das calçadas da cidade. Depois de algumas tentativas, e já escuro,
ganho coragem e vou. Fico aqui parado do outro lado da rua. Numero é o 67,
podia ser outro, mas não, este é o numero. Aqui…e ali dentro passa pela minha
cabeça milhões de palavras que trocamos, imagens, momentos, sentires,
sentimentos, sorrisos, partilha, companhia…esse lugar sonhado, vivido, sentido,
mas não realizado. Aqui ao lado, ali mesmo do outro lado, mesmo ali. Muita
coisa vem à minha mente…que fica deste lado, aqui dentro.
Guardo a imagem…serve
para não esquecer